sábado, 3 de maio de 2008

MS tem «profundo desconhecimento» sobre carreiras

Mário Jorge Neves denuncia em conferência de Imprensa
MS tem «profundo desconhecimento» sobre carreiras
Dirigentes da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e do Ministério da Saúde (MS) realizaram uma reunião de trabalho, no âmbito da negociação da nova lei de vínculos, carreiras e remunerações da administração pública, na qual os médicos, em princípio, vão figurar como um corpo especial. Mas essa reunião, nas palavras do presidente da estrutura sindical, Mário Jorge Neves, só serviu para «aprofundar o quadro de preocupações» em relação à matéria. É que, diz, ali ficou a nu o «profundo desconhecimento» que a delegação com quem se reuniu revela em relação ao «funcionamento das instituições de saúde e às carreiras médicas».
O responsável explicou, em conferência de Imprensa ocorrida a 29 de Abril, nas instalações do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, que «foram produzidos comentários» no sentido de se considerar «uma só categoria nas carreiras médicas», sendo os cargos hierarquicamente superiores preenchidos através de nomeação. Além disso, Mário Jorge Neves denunciou que, face à proposta da Fnam para que exista uma «clara separação» entre carreira técnica e científica e cargos de gestão, a resposta que ouviu foi a de que quando se vai a uma Urgência «pouco importa que o médico seja especialista ou chefe de serviço». E isso, na profissão médica, «não é indiferente», afirmou o dirigente sindical.
Esta reunião, conforme informou Mário Jorge Neves, foi marcada a 1 de Abril, na audiência que a Fnam teve com a ministra da Saúde, Ana Jorge, e na qual a governante indicou não ter ainda qualquer proposta negocial. Mas conforme sublinhou o sindicalista, a 10 de Abril, quando se realizou a reunião de trabalho, «a delegação ministerial continuava a não dispor de nada». Além disso, o responsável fez notar que o elenco de dirigentes do MS que compareceu à reunião sobre a negociação das carreiras médicas «não incluía nem ministra, nem secretários de Estado».
«Tempo Medicina», registe-se, perguntou pela terceira vez ao Ministério em que fase está este processo e, também pela terceira vez, não obteve qualquer resposta.

Sindicato exige calendarização

O comunicado da Fnam dá conta de que a situação suscita «fortes apreensões e exige imediata clarificação». E isso só pode ser feito através do «estabelecimento de um calendário negocial» que permita a «adequada abordagem da revisão das carreiras médicas». Até porque, frisou Mário Jorge Neves, os quatro meses que restam para a conclusão de uma proposta «começam a ser um período de tempo curto». Por isso, no comunicado é indicado que os responsáveis da Fnam esperam que a «morosidade» do processo «não signifique a tentativa posterior de impor um número mínimo de reuniões» que sirvam apenas de «mera encenação negocial destinada a consumar a subversão e a própria destruição das carreiras médicas».
A conferência de Imprensa, em que também estiveram presentes os dirigentes Sérgio Esperança, João Valente, Merlinde Madureira e Bernardo Vilas Boas, serviu igualmente para divulgar as preocupações da Fnam relativamente ao atraso da implementação do modelo B nas unidades de saúde familiar e à demissão de membros da Unidade de Missão para os Cuidados de Saúde Primários (ver também página 2), assim como para reiterar as preocupações com o «desmoronamento» dos serviços públicos de Saúde.

S.R.R.

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